Cursos
Mais sobre poetas malditos
Inscrições abertas
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
segundas-feiras
dias 22 e29 de agosto e 5 de setembro
Horário: das 19h às 21h
On-line, ao vivo, via Zoom
R$170,00 à vista,
ou em até 10x pelo pagseguro
Pagamento
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Depois envie seu comprovante para willer.cursos@gmail.com e aguarde nosso contato com direcionamentos.
Ementa do curso
Mais sobre poetas malditos
Já publiquei ensaios sobre “poetas malditos”, em periódicos. E tratei desse assunto em palestras. A categoria ganhou relevo quando Baudelaire escreveu sobre Edgar Allan Poe, argumentando que gênios literários são atingidos por uma maldição. Expandiu-se com a antologia Les Poètes Maudits, Os poetas malditos, preparada por Verlaine, e incluindo, entre outros, a Rimbaud – que se declarou maldito em Uma temporada no Inferno – e Tristan Corbière.
Observei que malditos não são apenas aqueles rejeitados pela sociedade em seu tempo, e reconhecidos tardiamente como inovadores. Um traço em comum, a uni-los, é a descida ao inferno e a interlocução com o diabo. Mostrei como o tema une, entre outros, a Baudelaire, Nerval, Rimbaud, Lautréamont, simbolistas, inclusive brasileiros; e, mais recentemente, um inovador da poesia brasileira como Roberto Piva.
Há muito mais, porém, a ser dito a respeito. Principalmente, mostrar a riqueza e complexidade das relações desses e outros autores com o mundo subterrâneo, fonte de conhecimento desde os rituais órficos da Antiguidade e das iniciações xamânicas. Sua consagração se deve a Dante Alighieri na obra máxima, A Divina Comédia. E sua diversidade e universalidade é atestada por autores tão distintos uns dos outros como William Blake, com O Casamento do Céu e do Inferno, ou Lautréamont, em Os cantos de Maldoror.
O tema ganhou prestígio entre os simbolistas; inclusive os brasileiros Dario Veloso, Maranhão Sobrinho – autor de “Os poetas malditos” e ele mesmo, biograficamente, um maldito, que levou uma vida marginal – e, certamente, Cruz e Souza. Sua contemporaneidade é representada, entre outros, por Roberto Piva, em cuja obra a tópica da descida ao inferno é recorrente, além de ser tratada com diversidade, de modos bem distintos. Também é encontrada em beats como, entre outros, Allen Ginsberg – que mostra a transição da maldição à santidade em seu magistral Uivo – e Jack Kerouac. Já no âmbito do surrealismo, o autor exemplar, nessa categoria, será sempre Antonin Artaud – o que não impede seu exame em outros autores ligados a esse movimento, inclusive Michel Leiris e Robert Desnos, além de caber relembrar que o movimento nasce durante a Primeira Guerra Mundial em um hospício, onde André Breton e Louis Aragon serviram como residentes.
Outras literaturas igualmente nos oferecem o contraste de maldição e êxtase. O exemplo máximo talvez seja um poeta especialmente sublime e infortunado, o austríaco Georg Trakl. Também na literatura de língua alemã, pode-se examinar, em Rainer Maria Rilke, o contraste entre as experiências de êxtase de Elegias de Duino e uma obra como Os cadernos de Malte Laurids Brigge, sobre a morte.
Enfim, no tema da maldição e das descidas iniciáticas aos mundos subterrâneos, a universalidade coexiste com a diversidade, ao longo de toda a história da poesia. Isso garante a riqueza temática de um ciclo de palestras examinando poetas malditos. Assunto não faltará.
Verlaine
Rimbaud
Baudelaire
Dante
Dario Veloso
Maranhão Sobrinho
Visões de Antonin Artaud
Inscrições encerradas
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
quintas-feiras
dias 10, 17 e 24 de março
Horário: das 20h às 22h
On-line, ao vivo, via Zoom
R$170,00 à vista,
ou em até 10x pelo pagseguro
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Ementa do curso
Quando preparei Escritos de Antonin Artaud para a L&PM, em 1983 (com sucessivas reedições, a mais recente, revista e atualizada, em 2020), não havia quase nada sobre ele no Brasil. Uma biografia, a lembrança de Pagu e Dora Ferreira da Silva haverem tratado dele, um vazio nas bibliotecas. Desde então, cresceu o número de edições, saíram novos ensaios, houve as encenações (inclusive a do Oficina e o trabalho sistemático do Taanteatro, entre outros). Enfim, Artaud chegou ao Brasil. Hora, portanto, de atualizar informações. Há mais a dizer sobre a relação dele com o corpo, a linguagem, Deus e as doutrinas religiosas (especialmente gnosticismo), os rituais, o teatro. Há material audiovisual, gravações com ele e sobre ele, registros de encenações e palestras. Portanto, não faltará assunto para mais uma série de três palestras, seguindo o modo tão bem recebido através dos cursos sobre surrealismo, geração beat, gnosticismo, Rimbaud e Roberto Piva, por meio de WILLER CURSOS.
A volta de Arthur Rimbaud
Inscrições encerradas
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
Terças-feiras
dias 9 a 23 de novembro
Horário: das 20h às 22h
On-line, ao vivo, via Zoom
R$150,00 à vista,
ou em até 10x pelo pagseguro
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Rimbaud, poeta e personagem
Um guia para leitura
Há exato um ano, dei um curso sobre Rimbaud pelo modo remoto, on line. Teve uma excelente aceitação.
A ementa ou sinopse para divulgação do curso foi esta:
Terá sido Arthur Rimbaud o poeta do final do século 19 que exerceu maior influência na contemporaneidade? Por que? Sem deixar de lado sua biografia e sua lenda, o curso abordará a revolucionária poesia em prosa de Uma Temporada no Inferno e Iluminações, além de toda a sua obra em versos.
Os motivos para retomar o exame do poeta-adolescente, ícone da rebelião, são os seguintes:
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Sempre há mais para ser dito, para ser acrescentado ao exame de um poeta com a riqueza e complexidade de Rimbaud;
-
Aprende-se dando cursos; sempre é possível melhorar o que já foi apresentado (naquele curso, em palestras anteriores, em artigos);
-
Acho que fiquei devendo e conseguirei mostrar mais: não só no exame da poesia, especialmente das Iluminações, mas no tópico da relação entre poesia e biografia, para entender como foi possível, como é que pôde o autor de uma contribuição literária decisiva largar tudo daquele modo e ter um fim de vida tão deplorável.
-
Um texto da magnitude de Flagrant délit de Breton – entre outros – merecia mais comentários, um exame mais detalhado. Caberia uma caraterização melhor da sua influência.
-
Algumas questões, acho, ficaram no ar. Por exemplo: por que ele largou tudo e migrou para a África? Afinal, ele estudou alquimia? Qual o alcance e a limitação das decifrações herméticas ou alquímicas ou gnósticas?
Enfim, não faltará assunto. Será examinada a produção poética em versos, a revolucionária poesia em prosa de Uma temporada no inferno e Iluminações, e sua marginalia precursora, como o Álbum Zútico e Os Stupra, publicados apenas em 1942.
Alguns tópicos que pretendo retomar e ampliar, começando pelo comentário do notável prosador francês Julien Gracq:
“Em lugar de ver no sentimento poético o resíduo, em meio a uma sociedade submetida às normas da razão, de uma maneira de viver e de sentir condenada, objeto de discretos suspiros e piedosos lamentos, Rimbaud o invoca ao contrário como um pressentimento, uma solicitação veemente de ser preciso “mudar a vida” para levá-la à altura da lancinante revelação. De lamentação nostálgica e lamento estéril, a poesia para ele e através dele se torna o selo de uma promessa, chamado, grito de convocação, incitação à mobilização dos novos homens que se põem em marcha.”
O autor de Le Rivage des Syrtes ilustra com algumas das frases fulminantes, expressões de um pensamento utópico e visionário, convocações ou anunciações da realização da poesia:
É mais que certo, é oráculo o que digo. … Eis o tempo dos Assassinos ….
Um toque de teu dedo no tambor liberta todos os sons e começa a nova harmonia.
Quando iremos afinal, além das praias e dos montes, saudar o nascimento do trabalho novo, da nova sabedoria, a fuga dos tiranos e demônios, o fim da superstição, para adorar – os primeiros! – o Natal na terra! O canto dos céus, a marcha dos povos!
… e então me será lícito possuir a verdade em uma alma e um corpo.
É a vigília, contudo. Acolhamos todos os influxos de vigor e de autêntica ternura. E à aurora, armados de ardente paciência, entraremos nas cidades esplêndidas.
É preciso ser absolutamente moderno.
Na Grécia, já o disse, versos e liras ritmam a Ação.
E, principalmente:
O EU é um outro.
Eu digo que é preciso ser vidente, se fazer vidente. O poeta se faz vidente por um longo, imenso e pensado desregramento de todos os sentidos.
Poemas serão projetados na tela ao serem comentados. Participantes receberão resumo de cada aula, e poderão encaminhar perguntas e comentários por e-mail.
Em tempo: a fotografia que ainda circula, supostamente de Rimbaud durante a Comuna de Paris, é fake. Foi tirada durante a derrubada do obelisco da Place Vendôme, a 21 de maio de 1871: mesma data da Carta do Vidente, que Rimbaud escreveu em casa. Esteve na Comuna na caserna de Babylone, mas caiu fora em abril daquele ano.
Os visionários:
poetas místicos, gnósticos & rebeldes
Inscrições encerradas
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
Segundas-feiras
dias 13, 20 e 27 de Setembro
Horário: das 20h às 22h
On-line, ao vivo, via Zoom
R$150,00 à vista,
ou em até 10x pelo pagseguro
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Sobre o curso
O que é misticismo? E gnosticismo? Como pode ser associados? Como se projetam na criação poética?
Quais são as principais polêmicas associadas ao gnosticismo? E à sua relação com a criação literária?
Rebeliões fundadas em categorias religiosas: isso ainda existe? Aplica-se a quais poetas? De que modo?
É apropriado chamar Baudelaire de místico? E de gnóstico?
Walt Whitman foi um poeta gnóstico? De que espécie, sob quais aspectos?
O que pode ser acrescentado ao capítulo das relações entre William Blake e o gnosticismo?
Quais foram os principais poetas brasileiros do século XX que poderiam ser associados ao gnosticismo?
O que foi o Espírito Livre? Essa doutrina encontra expressão em poetas modernos?
“Místico em estado selvagem”: o que há de verdadeiro ou correto nesta caracterização de Rimbaud por Paul Claudel?
O que é poética das antinomias? E teologia negativa? Quais os melhores exemplos dessas categorias?
Essas e outras questões serão examinadas no curso on line OS VISIONÁRIOS: POETAS REBELDES, MÍSTICOS E GNÓSTICOS. Não me repito: darão continuidade ao que já escrevi a respeito, em livros – Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna e Os rebeldes: Geração Beat e anarquismo místico – e em ensaios.
Segredos da Geração Beat
Inscrições encerradas
Jack Kerouac
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
Segundas-feiras
dias 12, 19 e 26 de julho
Horário: das 20h às 22h
On-line, ao vivo, via Zoom
R$150,00 à vista,
ou em até 10x pelo pagseguro
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Sobre o curso
Nos cursos e palestras que tenho apresentado, não me repito. Procuro trazer novidades. Especialmente com relação à Geração Beat, assunto de que já tratei em dois livros, nas traduções de Allen Ginsberg e Kerouac, em artigos e entrevistas.
Inscritos conhecerão detalhes relevantes e significativos: Por exemplo: qual disco de qual intérprete Ginsberg pôs para tocar quando soube que ia morrer? Por quê? Qual o sentido político dessa escolha? Terão meios para enriquecer a leitura, através do exame de algumas obras seminais. Mostrarei quais são os motivos para considerar Doctor Sax e Vanity of Duluoz de Kerouac obras primas. Apresentarei alguns roteiros de leitura de On the Road, como obra polifônica que uma quantidade de críticos bitolados não entendeu. A propósito, quantas vezes o próprio Kerouac reescreveu On the Road? Quantas mentiras ele contou sobre o processo de criação dessa obra? (Kerouac foi um gênio literário compulsivamente mentiroso).
E William Burroughs? Afinal, quais de suas obras escreveu sozinho ou coletivamente? E a presença anárquica e perturbadora de Gregory Corso, menino de rua, delinquente e presidiário antes de projetar-se como poeta?
Estes e outros tópicos farão parte do curso.
O ciclo de três apresentações terá um sentido de resistência cultural, como gênese de uma contracultura, de um movimento pela liberdade, oferecendo argumentos e, quem sabe, instrumentos para fazer frente ao surto de obscurantismo que, por enquanto, somos obrigados a presenciar.
Allen Ginsberg
Percorrendo o Surrealismo
Imaginação, acaso, maravilhoso, visões, o poético.
Inscrições encerradas
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
Segundas-feiras
De 15/03/2021 até 29/03/2021
Horário: das 20h às 22h
Ao vivo, via Zoom
R$150,00 à vista,
ou em até 10x pelo pagseguro
Envie seu comprovante de pagamento para o e-mail:
Sobre o curso
Em um curso de surrealismo em 2012, no Museu da Língua Portuguesa, após examinarmos o Peixe Solúvel de André Breton, sugeri aos participantes que percorressem o Jardim da Luz, em frente do Museu, e procurassem peixe solúvel. Alguns acharam – não o peixe, é claro, porém corporificações de imagens dessa obra. Em outra ocasião, em um curso na Unicamp em 1914, organizei uma visita guiada a uma exposição sobre Frida Kahlo e as conexões entre mulheres surrealistas no México, no Museu Tomie Ohtake; e fomos examinar a adjacente Barão Geraldo, em busca de surrealismo. Em 2014, após percorrer – por imagens – o Castelo das Maravilhas do Carteiro Cheval e paramos na Vila Itororó, sugeri que participantes achassem construções surrealistas em São Paulo – o poeta Gonçalves imediatamente achou uma, dessas pelas quais você passa sem reparar.
Assunto não falta. Há tantas outras descobertas, que correspondem a ampliações da percepção. Na metrópole (“o verdadeiro rosto da metrópole é surrealista”, disse Walter Benjamin), na produção visual, na poesia (em primeira instância), na vida. Em nuvens, em paredes escalavradas. No cinema, sem dúvida.
O surrealismo nasceu em um hospício. Relatarei. E na descoberta de produções simbólicas como a da Melanésia, entre outros “primitivos”. Na ruptura dos cânones e convenções. Consolidou-se nas experiências do acaso objetivo. Na magia. Na deambulação ao acaso. Sabem o que aconteceu na esquina da Alameda Eduardo Prado e Avenida Rio Branco?
Relatarei descobertas e momentos marcantes do surrealismo. Adicionarei algo aos cursos já apresentados e a artigos já publicados. Com os recursos audiovisuais possibilitados pelo modo on line, percorreremos lugares e obras. Faremos novas descobertas.
Andre Breton, por Man Ray
Três vezes Piva
incrições encerradas
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
Quintas-feiras
Dias 26/11, 03/12 e 10/12
Horário: das 20h às 22h
Ao vivo, pelo Google Meets
R$150,00 (ou em até 18x pelo pagseguro)
Envie seu comprovante de pagamento, até o dia 24/11, para o e-mail:
Sobre o curso
Amigos por mais de 50 anos e cúmplices de uma criação poética marcada tanto pela Paulicéia Desvairada quanto pela comunhão com a natureza, Roberto Piva e Claudio Willer compartilharam uma visão de mundo influenciada pelas tradições mais rebeldes da poesia mundial. Em comum, a mesma reivindicação: a não separação entre poesia e vida, entre erudição e rua.
Marginalizado por décadas por suas ousadias, dicção transgressiva e irreverente, Piva acabou tornando-se, dez anos após sua morte e 57 anos após a estreia em livro com Paranoia, um poeta de especial prestígio entre os que integraram sua geração – aquela dos “Novíssimos” da década de 1960.
Nada mais oportuno do que o próprio Claudio Willer compartilhando o seu olhar sobre Piva, um dos mais singulares poetas brasileiros. Neste ciclo de três palestras, Willer pretende ir além do que já foi dito sobre o autor de Paranoia, além de tratar da extraordinária contribuição do artista plástico Wesley Duke Lee, que o ilustrou com fotografias de extremo valor artístico e documental.
Willer examinará os três volumes das obras reunidas pela Globo Livros, lançadas entre 2005 e 2008 – Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & Asas Pretas, Estranhos Sinais de Saturno, além de publicações mais recentes, como o livro-reportagem biográfico “Os dentes da memória”, de Camila Hungria e Renata D’Elia, a coletânea de entrevistas “Encontros: Roberto Piva” lançadas pela Azougue Editorial, o volume “Antropofagias” e outros escritos, pela Editora Córrego/ Biblioteca Roberto Piva, e o ainda inédito “Corações de Hot-Dog”.
Visões de Rimbaud:
um guia para leitura
Inscrições encerradas
Imagem de Matheus Chiaratti
Informações gerais
Carga horária: 6h (3 encontros de 2h)
Terças-feiras
De 20/10/2020 até 03/11/2020
Horário: das 20h às 22h
Ao vivo, pelo Google Meets
R$150,00 (em até 12x pelo pagseguro)
Envie seu comprovante de pagamento para o e-mail:
Terá sido Arthur Rimbaud o poeta do final do século 19 que exerceu maior influência na contemporaneidade? Por que? Sem deixar de lado sua biografia e sua lenda, Willer abordará a revolucionária poesia em prosa de “Uma Temporada no Inferno e “Iluminações”, além de toda a obra do poeta francês, e sua relação com os beats e com todos os aventureiros, os que saíram de casa depois que o leram, passando pelos místicos e adeptos da alquimia, os formalistas, os surrealistas e os experimentalistas.
"Quando iremos afinal, além das praias e dos montes, saudar o nascimento do trabalho novo, da nova sabedoria, a fuga dos tiranos e demônios, o fim da superstição, para adorar – os primeiros! – o Natal na terra! O canto dos céus, a marcha dos povos!
"
- Rimbaud
Terá sido Rimbaud o poeta do final do século XIX que exerceu maior influência na contemporaneidade? Por que? Respostas possíveis estão nessas observações do notável prosador francês Julien Gracq (em seu ensaio sobre André Breton):
Em lugar de ver no sentimento poético o resíduo, em meio a uma sociedade submetida às normas da razão, de uma maneira de viver e de sentir condenada, objeto de discretos suspiros e piedosos lamentos, Rimbaud o invoca ao contrário como um pressentimento, uma solicitação veemente de ser preciso “mudar a vida” para levá-la à altura da lancinante revelação. De lamentação nostálgica e lamento estéril, a poesia para ele e através dele se torna o selo de uma promessa, chamado, grito de convocação, incitação à “mobilização dos novos homens que se põem em marcha.
Ilustra com algumas de suas frases fulminantes, expressões de um pensamento utópico e visionário, convocações ou anunciações da realização da poesia:
A verdadeira vida está ausente. Não estamos nesse mundo. ... eu, na ânsia de atingir o lugar e a fórmula. ... Possuí talvez segredos para mudar a vida?
É mais que certo, é oráculo o que digo. ... Eis o tempo dos Assassinos ....
Um toque de teu dedo no tambor liberta todos os sons e começa a nova harmonia.
Quando iremos afinal, além das praias e dos montes, saudar o nascimento do trabalho novo, da nova sabedoria, a fuga dos tiranos e demônios, o fim da superstição, para adorar – os primeiros! – o Natal na terra! O canto dos céus, a marcha dos povos!
... e então me será lícito possuir a verdade em uma alma e um corpo.
É a vigília, contudo. Acolhamos todos os influxos de vigor e de autêntica ternura. E à aurora, armados de ardente paciência, entraremos nas cidades esplêndidas.[1]
O ciclo VISÕES DE RIMBAUD: UM GUIA PARA A LEITURA será composto por três sessões, de duas horas cada. Incluirá reflexões sobre outras das frases que chamo de “fulminantes”, como “É preciso ser absolutamente moderno”, “Na Grécia, já o disse, versos e liras ritmam a Ação”. E, principalmente, “O EU é um outro” e “Eu digo que é preciso ser vidente, se fazer vidente. O poeta se faz vidente por um longo, imenso e pensado desregramento de todos os sentidos.” Principalmente, será examinado o conjunto de sua obra; a produção poética – incluindo a revolucionária poesia em prosa de Uma temporada no inferno e Iluminações. E sua marginalia, precursora, como o Álbum Zútico e Os Stupra, publicados apenas em 1942. Isso, sem deixar de lado sua biografia, o modo como se tornou personagem de sua poesia e se constituiu em lenda. Assim, reuniremos o Rimbaud dos beats e de todos os aventureiros, dos que saíram de casa depois que o leram, dos místicos e adeptos da alquimia, dos formalistas, dos surrealistas e dos experimentalistas.
Haverá uma leitura cruzada, comparando obras de diferentes etapas de sua criação, além de comparações; principalmente, com Baudelaire. Os inscritos receberão sinopses, resumos de cada sessão, e bibliografia. Poderão encaminhar perguntas e comentários pelo meio digital. Poemas serão lidos e projetados na tela.
A bibliografia é composta pela obra completa da Pléiade / Gallimard, os volumes de sua poesia e prosa preparados por Ivo Barroso, comentários e traduções disponíveis de Rodrigo Garcia Lopes, Augusto de Campos, Ledo Ivo e outros, e por coletâneas brasileiras algo raras como Rimbaud no Brasil, preparada por Carlos Lima e Rimbaud de Alberto Marsicano e Daniel Fresnot, mais uma diversidade de ensaios, de Yves Bonnefoy e Roberto Calasso a Marcelin Pleynet, André Breton (especialmente em Flagrant délit) e Antonio Candido, além de ampliações do que já publiquei sobre ele - por exemplo, em https://revistacult.uol.com.br/home/rimbaud-o-rebelde/ ou no capítulo “Rimbaud, iluminações e alquimia” de meu livro Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna; e dos resultados de um grupo de estudos que coordenei, realizado há dois anos pelo movimento Arte-Passagem.
[1] Segui as traduções de Ivo Barroso em suas edições da obra de Rimbaud pela Topbooks..
Oficina de poesia
Inscrições encerradas
Informações gerais
Carga horária: 16h (8 encontros de 2h)
Quintas-feiras
De 20/08/2020 até 15/10/2020
Horário: das 20h às 22h
Ao vivo, pelo Google Meets
R$550,00
Em até 12 vezes pelo cartão.
Compre via PagSeguro
e envie seu comprovante para o e-mail:
Sobre a oficina
A finalidade da oficina será estimular a criação literária, examinar sua relação com a leitura e expor metodologias e procedimentos. Interessará a poetas, e também a prosadores; a estudantes de Letras e áreas afins; a leitores em geral. Em todos os casos, será obtido um melhor relacionamento com o texto literário e com a própria linguagem.
Combinará procedimentos de duas modalidades de oficina: aquelas voltadas especificamente para a criação, e outras focalizando a leitura.
Conteúdo:
A oficina terá dois blocos temáticos, que se alternarão; o primeiro, voltado para a formação, transmitindo conteúdos; o segundo, para a criação, com avaliação de textos dos participantes e exercícios de criação. Cobrirá os seguintes tópicos:
-
O valor: o que permite que um texto literário seja considerado “bom”?
-
A imagem poética;
-
Poesia e prosa; a poesia na prosa;
-
Modalidades de criação literária; “inspiração” versus “trabalho”;
-
Criação literária e leitura: a relação da criação original com a leitura de outras obras;
-
Leitura como expressão oral, em voz alta, e como interpretação, percepção de sentidos no texto;
-
A poesia e o poético; literatura e vida; poesia, linguagem e realidade.
Procedimento:
Oficinas literárias são um trabalho coletivo. Seu coordenador não é neutro: intervém, avalia, sugere, recomenda leituras. Contudo, não deve impor seus valores e referencial poético. O primeiro bloco temático é mais expositivo; no segundo, textos dos participantes serão apresentados, examinados e avaliados, em um trabalho coletivo.
Observações gerais:
Poderão ser propostos outros temas e exercícios. Serão recomendadas (e exigidas) leituras. Entre outras, O Arco e a Lira, de Octavio Paz, obra básica para tratar de valores poéticos e da criação poética.
Bibliografia:
APOLLINAIRE, Guillaume, Escritos de Apollinaire, tradução, seleção e notas de Paulo Hecker Filho, Porto Alegre, L&PM, 1984;
BARROS, Manoel, Poesia completa, São Paulo: Leya, 2010;
BATAILLE, Georges, A Literatura e o Mal, tradução de Suely Bastos, Porto Alegre, L&PM, 1989;
BAUDELAIRE, Charles, Charles Baudelaire, Poesia e Prosa, Ivo Barroso (Org.), diversos tradutores, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995;
BLAKE, William, William Blake, O Casamente do Céu e do Inferno e outros escritos, tradução e notas de Alberto Marsicano, Porto Alegre, L&PM, 2007;
BORGES, Jorge Luis, Ficções, tradução de Carlos Nejar, Porto Alegre, Globo, 1969;
BORGES, Jorge Luis, O Aleph, tradução de Flávio José Cardozo, São Paulo, 2001;Globo,
GINSBERG, Allen, Uivo e outros poemas, seleção, tradução, prefácio e notas de Claudio Willer, Porto Alegre: L&PM, 2010;
GUIMARÃES ROSA, João, Sagarana, Rio de Janeiro, Nova Fronteirs, 2001;
GUIMARÃES ROSA, João Guimarães Rosa – Correspondência com seu tradutor italiano Edoardo Bizzarri, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Nova Fronteira, UFMG, 2003.
GUIMARÃES ROSA, João Guimarães Rosa – Correspondência com seu tradutor alemão Curt Meyer-Clason (1958-1967). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, UFMG e ABL: 2003;
HELDER, Herberto, Magias, Lisboa: Assirio & Alvim, 1998;
HELDER, Herbeto, O corpo, o luxo e a obra, São Paulo, Iluminuras, 2000 (ou então Ou o poema circular, Girafa, São Paulo, 2005)
LAUTRÉAMONT, Os cantos de Maldoror, Poesias, Cartas (obra completa), tradução, prefácio e notas de Claudio Willer, São Paulo, Iluminuras, 2008 (terceira edição);
PAZ, Octavio, “Leitura e Contemplação”, em Convergências – Ensaios sobre arte e literatura, tradução de Moacyr Werneck de Castro, Rio de Janeiro, Rocco, 1991;
PAZ, Octavio, O arco e a lira, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht, São Paulo: Cosac Naify, 2012;
PAZ, Octavio, Os Filhos do Barro, tradução de Olga Savary, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984;
PAZ, Octavio, Signos em Rotação, tradução de Sebastião Uchoa Leite, São Paulo, Perspectiva, 1972;
PIVA, Roberto, Mala na mão & asas pretas, – obras reunidas, volume 2 Alcir Pécora, org, São Paulo: Globo, 2006;
PIVA, Roberto, Paranóia, fotografias de Wesley Duke Lee, São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2000;
PIVA, Roberto, Um Estrangeiro na Legião, – obras reunidas, volume 1 Alcir Pécora, org, São Paulo: Globo, 2005;
RIMBAUD, Arthur, Poesia Completa, organização e tradução de Ivo Barroso, Topbooks, Rio de Janeiro, 1994;
RIMBAUD, Arthur, Prosa Poética, organização e tradução de Ivo Barroso, Topbooks, Rio de Janeiro, 1998;
WILLER, Claudio, “A escrita automática e outras escritas” em Agulha, n. 54, emhttp://www.revista.agulha.nom.br/ag54willer.htm
WILLER, Claudio, “Octavio Paz e a literatura comparada”. In: Martins, Vima Lia. (Org.). Diálogos Críticos: literatura e sociedade nos países de língua portuguesa. 1 ed. São Paulo: Editora Arte e Ciência, 2005, v. 1, p. 11-26; ou então, a edição on line, “Os prazeres do comparatismo, II: Octavio Paz e a literatura comparada”, em Agulha, n. 55, em http://www.revista.agulha.nom.br/ag55willer.htm;
WILLER, Claudio, Estranhas Experiências e outros poemas. 1. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004;
WILLER, Claudio, Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.